por Marcus Passos / Abril e Maio de 2016
foto Alexandre Moraes
Em outubro de 2013, a Portaria de n° 15 do Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, instituiu o Projeto Consultório Itinerante de Odontologia, em funcionamento, prioritariamente, no âmbito dos programas Saúde na Escola (PSE) e Brasil Alfabetizado (PBA). O programa está articulado a todas as universidades federais que têm hospitais universitários.
Na Universidade Federal do Pará, o Projeto Consultório Itinerante de Odontologia está vinculado ao Hospital Universitário João de Barros Barreto. À frente do trabalho, estão Liliane Silva do Nascimento, professora responsável pela Coordenação Acadêmica; Arnaldo Gonçalves, cirurgião dentista; um representante do Grupo de Trabalho Estadual do Projeto Consultório Itinerante; e a direção do HUJBB, responsável pela logística institucional.
A gestão do Consultório Itinerante concentra-se dentro de um grupo de trabalho (GT PCI) que conta com representações da Secretaria Municipal de Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde Pública, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura e da Secretaria de Estado de Educação. Assim toda a equipe se articula para atender o público-alvo dentro do Distrito Sanitário alinhado à Gestão da Atenção Básica de Saúde Municipal.
“O programa tem como proposta a promoção e reabilitação integral de saúde bucal da população. Nós trabalhamos com a promoção da saúde, para evitar que os escolares tenham doença e, posteriormente, tenham de se reabilitar. Por exemplo, a nossa equipe já recebeu crianças entre 12 e 13 anos com mais de oito dentes cariados, que precisam ser tratados ou até extraídos”, explica a coordenadora Liliane Nascimento.
O projeto tem como público-alvo todos os alunos devidamente matriculados em alguma instituição da rede pública de ensino, como creches, escolas técnicas e grupos, a exemplo, o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA) e o grupo de Educação de Jovens e Adultos (EJA). O atendimento é realizado em dois contêineres, com quatro cadeiras odontológicas completas.
95% da população depende do Sistema Único de Saúde para ser atendida
O Consultório Itinerante de Odontologia é um forte multiplicador da saúde odontológica. "Ele coloca a pauta da saúde bucal dentro da agenda da educação, que anteriormente se restringia somente à agenda da saúde. E isso é trabalhado desde o conteúdo que o professor ministra dentro da Universidade, referente à transversalidade do saber, ou seja, o saber que estava restrito à Odontologia não é só dela. A Odontologia ultrapassou as barreiras fechadas da saúde. Ela se ampliou”, avalia a professora Liliane Nascimento.
Outro fator trabalhado no programa é a amplitude de acesso, relacionado à criação de caminhos que promovam a saúde bucal, pois, em alguns municípios paraenses, essa cobertura ainda é baixa. Uma das dificuldades está concentrada na desigualdade econômica, pois apenas 5% da população pode pagar um atendimento particular, enquanto 95% dependem do Sistema Único de Saúde para serem atendidos.
A equipe é composta de 33 pessoas, entre docentes, mestrandos, alunos de Residência, bolsistas de graduação e voluntários, que realizam o atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, e na quarta-feira, das 8h às 18h. “Até o momento, já são mais de 300 tratamentos concluídos, além de quatro escolas, num total de quase 5 mil alunos atendidos”, revela a coordenadora.
Antes de iniciar o tratamento, os bolsistas do projeto visitam as instituições de ensino para realizar a educação em saúde, avaliando riscos e iniciando o acolhimento dos estudante e o fluxo deles. É um fator motivador que, além de levar saúde, leva também cidadania, confiança e esperança, pois são profissionais jovens falando para pacientes jovens, sobre saúde bucal, alimentação, obesidade, doenças sexualmente transmissíveis (DST) e cáries.
“Para a Universidade, o projeto se constitui num grupo de prática e aprendizagem. Estamos centrados não apenas nas habilidades odontológicas, mas também nas habilidades de lidar com o outro, na possibilidade de ouvir a real necessidade do paciente, de saber lidar com a realidade das pessoas. Para a sociedade, significa levar um serviço de saúde de qualidade para a nossa região”, afirma Liliane Nascimento.

Parabéns pelo Projeto, sabemos que a população é carente de serviços de prevenção à saúde, principalmente serviços odontológicos, que são caros para a real situação econômica da grande maioria população.
Gostaria de saber se o projeto pode vir a beneficiar as crianças da Ilha de Caratateua, pois contamos com apenas 01 posto de saúde que realiza serviços odontológicos precariamente, devido a falta de material e quando realiza não supri a necessidade dos moradores da Ilha, visto que a demanda é bem maior que a oferta. Seria muito bom que houvesse palestras, e quem sabe, atendimento nas escolas públicas, ou ainda, agendamento para que esses alunos possam ser atendidos pelo projeto na UFPA.